Em clássico apático, Brasil para na trave e fica no zero com Argentina
Sem pontapés, emoção, vibração e bom futebol. Em um Argentina x Brasil atípico, o time comandado por Mano Menezes segurou um 0 a 0 no Estádio Mario Alberto Kempes, em Córdoba, nesta quarta-feira, e jogará por uma vitória simples na partida de volta, no dia 28 de setembro em Belém, para ficar com o primeiro troféu do Superclássico das Américas, reedição da Copa Roca. Além da apatia, o time pentacampeão mundial encontrou um rival além dos mandantes no duelo: a trave, que parou o artilheiro Leandro Damião por duas oportunidades.
Disputado fora de uma data Fifa e com a possibilidade de participação apenas de jogadores locais, o clássico ficou sem estrelas como Lionel Messi e ainda perdeu em apelo com as contusões de Verón, Riquelme e Ganso. Neste cenário, o confronto não criou comoção em nenhum dos dois países e ainda viu uma estreia de apatia ilustrada por uma torcida calada na maior parte do jogo mesmo em um estádio lotado.
Se o Brasil tinha as maiores estrelas em campo, com Ronaldinho e Neymar, a Argentina apresentava um meio-campo formado por quatro de cinco jogadores do Vélez (jogou no 3-5-2) e trocava passes em muita efetividade. As duas jogadas de maior perigo brasileiras tiveram Damião e a trave como personagens. Aos 11min do 1º tempo, após sequência de dribles do santista, o mais ativo em campo, o colorado chutou de carrinho na trave. E aos 31min do segundo, deu um chapéu de carretilha no marcador e acertou novamente a trave.
A Argentina criou mais chances, teve mais domínio territorial do que o Brasil, mas poucas vezes empolgou o torcedor cordobês. No segundo tempo, o jogo passou de frio para morno, com algumas faltas mais duras e mais participação das arquibancadas. Mas nada que lembrasse um Brasil e Argentina, geralmente marcado por brigas, discussões e principalmente vibração.
Aplaudido antes do jogo pelos argentinos, Ronaldinho teve uma noite apagada, com erros de passe e futebol pouco efetivo. A bola pouco chegou em Damião e a defesa esteve insegura nas laterais e com Réver. Mas o maior problema esteve no meio-campo formado por Ralf, Paulinho e Renato Abreu, que fechou espaços sem combatividade e pouco ajudou no ataque, forçando a ligação direta entre defesa e ataque.
Mano mudou apenas aos 22min do segundo tempo o Brasil melhorou com a presença de Oscar no lugar de Renato Abreu. Mesmo assim, pouco para tirar o zero do placar.
Os jogadores ¿nacionais¿ terão nova chance de impressionar Mano em Belém, mas caso repitam as atuações de hoje poucos serão lembrados na convocação completa para os jogos contra Costa Rica, México e Gabão até o final do ano.
Apatia brasileira em primeiro tempo frio
O duelo entre a individualidade brasileira e o conjunto argentino confirmou-se em um primeiro de futebol frio, domínio territorial argentino e apatia brasileira. Os dois times jogaram no ritmo de uma torcida que, se praticamente encheu o Estádio Mario Alberto Kempes, ficou calada a maior parte do tempo e proporcionou ao Brasil jogar quase em ¿campo neutro¿.
Com quatro jogadores do Vélez no setor, a Argentina trocou mais passes no meio-de-campo aproveitando-se da pouca efetividade de Ralf, Paulinho e Renato Abreu. Os meio-campistas brasileiros fechavam espaços, mas davam pouco combate e permitiam que o rival evoluísse até abrir o jogo e explorar a fragilidade da marcação nas laterais, ocupadas por Danilo e Kleber.
Nesta toada, a Argentina criou a sua melhor chance no primeiro aos 13min, quando Fernandez atacou nas costas de Kleber e cruzou para Mario Boselli, que se antecipou de carrinho e chutou rente à trave de Jefferson. Além desta, a torcida argentina só gritou ¿uh¿ em um chute de Martinez de fora da área, após corte seco em cima de Ralf, já aos 33min.
Quando tinha a bola nos pés, a Seleção Brasileira pecava pela ligação direta entre a defesa e o ataque. Como a bola não chegava, Neymar recuou durante todo o primeiro tempo e pelo menos mostrou pró-atividade. Ronaldinho aparecia pouco e o Brasil só foi perigoso nas raras vezes em que duas estrelas se aproximaram e trocaram passes.
Assim, a melhor e única chance clara de gol brasileiro aconteceu logo aos 11min, quando a individualidade de Neymar apareceu. O santista fez Desábato de bobo com dois dribles em sequência e cruzou para Damião, de carrinho, chutar na trave. Foi a única vez em que o colorado apareceu na primeira etapa.
Brasil brilha por um momento: Damião arranca aplausos com drible mágico
Sem alterações, as duas equipes voltaram a campo com o mesmo ritmo lento da segunda etapa. Apesar do valer um troféu, ambas as seleções não esconderam o caráter de amistoso do confronto deste meio de semana. Lentos, os times de Mano Menezes e Alejandro Sabella realizaram um início de segunda etapa morno, com muito combate no setor de meio-campo.
Sem criatividade, Mano Menezes recorreu ao banco. A solução encontrada pelo brasileiro foi a entrada de Oscar, principal destaque do Sub-20 na decisão do Mundial da categoria contra Portugal. O meia do Internacional entrou na vaga do contestado flamenguista Renato Abreu, que estreou na Seleção nesta quarta-feira aos 33 anos.
Com a presença do jovem meia do Internacional, o Brasil controlou o ritmo de jogo e aumentou sua presença no campo de ataque da Argentina. Entretanto, lento, o time de Mano Menezes seguia preso à marcação mandante. Somente aos 30min, com Leandro Damião, a equipe pentacampeã mundial conseguiu arrancar aplausos dos torcedores rivais. O centroavante do Internacional deu uma lambreta linda sobre Papa e arrematou com categoria na trave.
O lance animou o Brasil, especialmente os jogadores mais criativos como Neymar e Ronaldinho. Aos 35min, o camisa 10 da equipe de Mano Menezes cobrou falta com categoria e exigiu grande defesa do goleiro argentino. A oportunidade acordou os donos da casa, que até ameaçaram uma pressão nos instantes finais. Contudo, no primeiro duelo entre as duas seleções, um morno e insosso 0 a 0.
or duas oportunidades.