Política

Renan Calheiros classifica como a “segunda cepa do negacionismo” as mentiras de ex-ministros de Bolsonaro

Relator da CPI do Genocídio, Renan Calheiros (MDB-AL) classificou como a “segunda cepa do negacionismo” as mentiras de aliados, ex-ministros e ex-assessores de Jair Bolsonaro à comissão.

“Perante o tribunal de escrutínio da opinião pública, no plenário da CPI, as mesmas autoridades que adotaram o negacionismo como linha de atuação no enfrentamento da pandemia, diante da absoluta impossibilidade de negar esse fato incontestável, vêm sistematicamente cumprindo um ritual pavloviano. É o que chamo de “segunda cepa” do negacionismo. Diante de tudo que os fatos comprovam, sua rota de fuga é o negacionismo do negacionismo, um escárnio com os brasileiros”, diz Calheiros em artigo na edição desta terça-feira (25) da Folha de S.Paulo.

Segundo Renan, o negacionismo conduziu boa parte das decisões estratégicas cruciais do governo federal no combate à pandemia com a negação do uso de máscaras, o distanciamento social, o lockdown e, “sobretudo, os mais elementares princípios do bom senso” com a “a pregação de “curas mágicas”, através do charlatanismo de medicações sem qualquer respaldo dos organismos internacionais de saúde”.

“Agora se dizem defensores da vacinação em massa que nunca defenderam, do distanciamento social que nunca praticaram, das máscaras que nunca usaram, das campanhas de utilidade pública que nunca veicularam. Falam contra a cloroquina que sempre veneraram, são independentes do Palácio do Planalto ao qual sempre acoelharam-se, viraram adeptos das recomendações da ciência que sempre ignoraram. Juram de pés juntos seu esforço abnegado pelas vacinas que sabotaram o quanto puderam”, diz Renan, sobre depoimentos como o do ex-Secom, Fabio Wajngarten, e do ex-ministro, Eduardo Pazuello, que mentiram sistematicamente durante seus depoimentos na comissão.

“Seguem a máxima ironizada no século passado pelo Barão de Itararé: ‘Errar é humano, botar a culpa nos outros também é’. Também nesse aspecto logo são desmentidos, suas escapadas têm pernas curtas”, diz o senador, que chega a citar versos de Caetano Veloso.

“São a versão canhestra do ‘avesso do avesso do avesso do avesso’ que Caetano imortalizou nos versos de ‘Sampa’ —​a diferença é que os negacionistas não têm a poesia do mestre baiano”.

Fonte: Repórter Maceió