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Pesquisa aponta redução no número de casos confirmados de Covid-19 em AL, mas alerta para ritmo lento de testagem

De 20 a 26 de dezembro, o número de casos confirmados de Covid-19 diminuiu em Alagoas, mas os pesquisadores o Observatório de Políticas Públicas para Enfrentamento da Covid-19, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), alertam para problemas na testagem que podem fazer com que o número de casos confirmados fique abaixo do esperado. A análise consta no relatório publicado nesta segunda-feira (28).

Um dos fatores é a mudança no ritmo de testagem da população devido às festas de fim de ano. Na mesma semana em que o total de casos confirmados diminuiu no estado, o número de óbitos por Covid-19 aumentou. Foram 2.147 casos confirmados e 50 mortes causadas pela doença.

Os pesquisadores explicaram que a transmissão está descontrolada em Alagoas desde o final de outubro, por isso era esperado aumento do número de casos. E ao mesmo tempo que diminuiu esse número, aumentou o de casos suspeitos, o que evidencia defasagem na testagem.

Os responsáveis pelo estudo recomendam cautela na interpretação dos dados sobre a diminuição na incidência de casos, que pode não ser uma real redução de casos, mas um problema no ritmo de testagens por causa das festas de fim de ano.

Os pesquisadores explicam no relatório que as evidências da defasagem na testagem para Covid-19 são o alto número de casos suspeitos, que são casos que aguardam resultados de exames, e aumento de resultados positivos entre os testes RT-PCR realizados pelo Laboratório Central de Alagoas (Lacen).

Na última semana epidemiológica, de 20 a 26 de dezembro, 68% dos exames RT-PCR do Lacen deram positivo para Covid-19. Há duas semanas, 50% dos exames deram positivo.

O técnico de suporte Fábio Souza é um dos 9.259 casos suspeitos do estado. Ele fez o teste R-PCR no último domingo (27) na Unidade de Síndromes Gripais Walter de Moura Lima, na Santa Amélia, mas só vai receber o resultado do teste no dia 12 de janeiro. Até lá, ele segue sendo um caso suspeito, que no caso de ser positivo já deveria entrar para as estatísticas.

“Há uma semana vinha sentindo dores no corpo, mas achei que fosse por conta do trabalho, mas a garganta começou a ficar irritada, tive um pouco de tosse, então achei melhor procurar a unidade de saúde. Eu fiz o teste no dia 27/12, na unidade Walter de Moura Lima, no bairro da Santa Amélia, e me informaram que o resultado só estaria disponível dia 12 de janeiro”, disse.

Fábio disse ainda ao G1 que acha que a demora no resultado é prejudicial, já que há o risco de infectar outras pessoas, porque a licença médica que recebeu é menor do que o tempo de espera pelo resultado.

“Prejudica, principalmente porque você corre o risco de infectar outras pessoas. Pelo tempo de afastamento que me deram [7 dias], eu poderia voltar a trabalhar antes do resultado do exame, e poderia infectar alguém caso esteja com a doença”, disse o técnico de suporte.

G1 questionou as secretarias de saúde de Maceió e do Estado sobre a demora para o resultado de testes RT-PCR para Covid-19. A Secretaria Municipal de Saúde respondeu que a demora é por causa da alta na demanda. O teste é feito na unidade de saúde, mas vai para o Lacen. E justificou que na comparação de 1 a 13 de dezembro em relação ao mesmo período do mês anterior, a procura por atendimento nas unidades de síndromes gripais aumentou cerca de 300%.

G1 não obteve retorno da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) até a última atualização desta reportagem.

Fonte: G1 de Alagoas